
Tenho quarenta janelas
nas paredes do meu quarto.
Sem vidros nem bambinelas
posso ver através delas
o mundo em que me reparto.
Por uma entra a luz do sol
por outra a luz do luar,
por outra a luz das estrelas
que andam no céu a rolar.
Por esta entra a Via Láctea
como em vapor de algodão,
por aquela a luz dos homens
pela outra a escuridão.
Pela maior entra o espanto,
pela menor a certeza
pela da frente a beleza
que a inunda de canto a canto.
Pela quadrada entra a esperança
de quatro lados iguais,
quatro arestas, quatro vértices
quatro pontos cardeais.
Pela redonda entra o sonho....
António Gedeão